Publicada: 10/01/2010
Texto: Isabele Araujo / Fotos: DivulgaçãoIngerir medicamentos sem o aconselhamento e acompanhamento de um profissional de saúde especializado. Conhecida como automedicação, esta é uma prática muito comum, mas que pode acarretar em graves problemas de saúde para a população. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica – Regional Sergipe, doutor José Aragão Figueiredo, uma pesquisa do Ministério da Saúde revelou que 61% da população desenvolvem problemas graves de saúde em razão do consumo indevido de remédios.
“A automedicação é um ato que 20% da população faz. Dentre as razões que levam a isso estão a dificuldade de chegar ao médico, a propaganda massiva na televisão, informações da própria internet, conselhos de vizinhos e por considerar este o caminho mais fácil para tentar resolver seu problema de saúde”, alerta Aragão.
Segundo o médico, é mais comum a procura por antigripais, antiinflamatórios e analgésicos. E ainda os antibióticos, que necessitam, além da dosagem certa, o período certo de uso. “Também devo citar os chamados remédios naturais, que têm uma substância ativa, mas que é natural porque está na forma de laboratório. Isso pode causar alergia, hipersensibilidade e intoxicação.
Por exemplo, a intoxicação pode ter também uma hemorragia digestiva, a alergia pode ter um choque anafilático, ou a hipersensibilidade de desenvolver um quadro alérgico grave, em que o paciente precisa ir para a emergência para tentar inibir ou evitar uma consequência mais grave”, completa.
Um exemplo citado por ele é com relação às famosas dores de cabeça, um dos principais motivos que leva à procura de remédios sem indicação médica. “Quando as pessoas tiverem dor de cabeça a primeira coisa a fazer deve ser procurar um médico, pois ele é quem vai indicar a medicação certa. Se não estiver ao nível deste profissional, ele indicará outro profissional especializado, neste caso o cefaliatra. Não se deve tomar nenhum remédio, mesmo que se ache simples, para dor de cabeça, ou gripes. Só se deve tomar com orientação médica”, ressalta ele.
Além disso, o médico afirma que a população que mais se automedica é o idoso: “Foi feita uma pesquisa no Rio de Janeiro com 2.600 pessoas acima de 60 anos, em que 48% faziam a automedicação e 20% desses pacientes apresentaram efeitos colaterais, ou seja, hemorragia digestiva, inibição do remédio que toma para diabete, hipertensão, problema nos rins, gastrite, distúrbios digestivos”.
Interagem
Outra preocupação é a interação medicamentosa. Por isso, Aragão ressalta: “O médico é o profissional que se especializou e sabe os remédios adequados, na dose certa e aqueles que fazem interação, ou seja, você vai usar um remédio que vai neutralizar o que já está tomando ou aumentar os efeitos colaterais de ambos. Ou forma uma substância nova, desconhecida, que pode produzir mais efeitos colaterais do que benefícios”.
Receita
Uma grande preocupação entre os médicos são as farmácias que não exigem receita para a compra de medicamentos. Isso porque todo remédio deve ser vendido com receita médica, porém existem alguns que não precisam da receita e os farmacêuticos e balconistas não estão preparados para recomendá-los. “O ideal é procurar seu médico. Temos uma população de 180 milhões de brasileiros e 120 milhões de pessoas não têm plano de saúde. Então, não tem médico para todos. Mas ainda aconselho que remédio, seja qual for, até os complexos vitamínicos, tem seus efeitos colaterais e a dosagem ideal que deve ser feita”, comentou o doutor.
Horário certo
O médico explica que cada remédio tem uma ação. Alguns têm uma ação de oito horas, outros de 12 ou 24. Por isso, se for indicado tomar um remédio de 8h em 8h, ele deve ser tomado três vezes ao dia. E assim por diante. “Mas, só o médico é quem vai dizer essa quantidade. E, atualmente, vemos na televisão algo preocupante: se os sintomas persistirem procurem o médico. No entanto, isso não isenta essas propagandas da responsabilidade. Em algumas farmácias, com o farmacêutico, ele serve para trocar o remédio em caso de o solicitado estar em falta”, alerta.
Alguns casos
-Acido acetilsalicílico: remédio aparentemente simples, mas que possui efeitos colaterais indesejáveis. Produz hemorragia digestiva e é anticoagulante.
-Antiinflamatórios: um dos remédios mais consumidos em nosso país e no mundo. Depois dos tranquilizantes, é o mais consumido. E se tomado na dose incorreta, além do tempo desejado, pode produzir gastrite, hemorragia gástrica, trazer problemas renais e também aumenta a pressão. Ou, ainda, inibir a ação dos remédios que o paciente já estiver usando.
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